No episódio 19 do podcast Vozes de Peso, Gabriel Lara, gestor de projetos de software e aplicativo, e Aécio Carvalho, gestor de engenharia de software na Toledo do Brasil, compartilham a trajetória da empresa desde os primeiros softwares aplicativos até a estrutura atual, com mais de 100 profissionais dedicados a desenvolver soluções tecnológicas para diversos setores, incluindo varejo, indústria, agronegócio, transporte, logística e manufatura.
Durante o episódio, abordam os desafios enfrentados, a evolução da equipe, as metodologias adotadas e o papel da transformação digital no fortalecimento da empresa. Acompanhe!
Transformação digital na Toledo do Brasil
Antes de a Toledo do Brasil se tornar referência em soluções digitais para balanças, toda a tecnologia acontecia entro dos próprios equipamentos — um universo restrito, mas essencial.
O desenvolvimento dos softwares aplicativos representou, então, um marco importante na evolução tecnológica da empresa. Inicialmente, o foco estava no software embarcado, que é executado diretamente nas balanças.
Com o passar do tempo, surgiu a necessidade de criar softwares aplicativos capazes de funcionar em computadores, celulares e outros dispositivos externos, para se comunicarem com as nossas balanças, abrindo um novo caminho para a Toledo do Brasil.
Aécio explica que o MGV 1 foi o ponto de partida dessa transformação. “O MGV 1 foi o primeiro software aplicativo desenvolvido internamente. Antes disso, só existia o software embarcado para as balanças. O aplicativo que roda no computador era uma novidade e abriu um novo caminho para a empresa.”
Além do MGV, voltado para a área comercial e varejo, outro sistema fundamental criado nesse período foi o Módulo Gerenciador de Portaria (MGP), destinado ao controle de portarias. Esse sistema foi o “bisavô” do Guardian, hoje referência na automação de balanças rodoviárias e controle de acessos em portos, fazendas, agronegócio em geral, indústrias e armazéns.
Gabriel, que ingressou na Toledo do Brasil em 1998, chegou quando o MGV 4 já estava em funcionamento, mas participou ativamente das versões seguintes. Ele destaca a ampliação das soluções: “Do MGV 5 para frente, comecei a me envolver diretamente no desenvolvimento. Depois vieram o MGV Cloud, o MGV 7, além da incorporação do Guardian e do MWS, sempre focando na evolução dos aplicativos.”
Ambos recordam as dificuldades técnicas da época e como precisaram usar muita criatividade para superá-las. Aécio cita um desafio importante na comunicação entre o computador e a balança, que ainda usava protocolos antigos e conexões lentas:
“Tivemos que desenvolver a primeira compactação de dados entre o programa de computador e a balança para acelerar essa comunicação. Também implementamos criptografia para proteger as informações.”
Gabriel complementa que, naquele tempo, falar em segurança da informação não era comum, mas a equipe já tinha essa preocupação. “Eu era jovem, estava começando na área, e foi um aprendizado enorme desenvolver essas soluções com tanta inovação para o período.”
Um momento histórico celebrado por eles foi quando conseguiram fazer uma balança enviar uma página web e até um e-mail pela Internet. Aécio relata: “Mandamos um e-mail da balança para uma caixa postal, só para testar como funcionava. Foi algo fantástico.”
Gabriel lembra com entusiasmo: “Quando conseguimos fazer o equipamento comunicar do Bairro Jurubatuba, onde ficava uma das fábricas da Toledo do Brasil para a outra unidade no Ipiranga, com a página web funcionando, comemoramos muito naquela sala.”
Outro avanço importante foi a flexibilidade para criar etiquetas personalizadas. Gabriel explica que desenvolveram um editor que permitia ao cliente configurar layouts variados, uma solução bastante inovadora para a época.
“Apesar de hoje parecer algo simples, naquele momento foi uma grande novidade. Isso fez com que os clientes enxergassem um valor muito maior no equipamento, o que ajudou a consolidar a presença da Toledo do Brasil no mercado.”
Como a Toledo do Brasil aprimorou suas soluções industriais com conectividade e automação
Aécio explica que, no início, o MGV, software voltado para o varejo, já contava com métodos avançados de comunicação, enquanto o MGP, sistema mais básico para a indústria, tinha um protocolo simples e menor automação. “Hoje o Guardian, sucessor do MGP, possui automação muito robusta, mas na época o MGV já tinha diversas formas de comunicação, incluindo depois o Wi-Fi,” comentou.
Com o passar do tempo, as tecnologias que surgiam foram sendo incorporadas aos produtos industriais, especialmente com a chegada do sistema Cloud Prix, que permite uma gestão integrada e conectividade ampliada. “Os equipamentos conectados ao Cloud Prix enviam dados como versão do software, IP, configurações, informações de pesagem facilitando o monitoramento remoto pelo cliente e assistência técnica,” explicou Aécio.
Gabriel destacou o Módulo Gerenciador de Balanças (MGB), um software antigo direcionado à indústria que despertava opiniões diversas. Ele comentou que muitas funcionalidades que estavam na indústria também existiam no MGV, e que houve um esforço para criar uma base comum de software, os chamados “componentes Toledo”, que são módulos reaproveitáveis presentes em todos os produtos.
Essa padronização facilita o desenvolvimento, otimiza recursos e garante uniformidade nas soluções. Atualmente, a empresa desenvolve grandes soluções integradas, como o inventário, que está presente em todos os produtos da Toledo do Brasil e exemplifica a versatilidade e a conectividade oferecidas aos clientes.
Uma fábrica de software enxuta e estratégica
A Toledo do Brasil passou por uma transformação significativa em sua área de engenharia de software nas últimas décadas. Se no início eram apenas Aécio, Gabriel e mais um colega, hoje a realidade é completamente diferente — o time supera a marca de 100 profissionais, refletindo a evolução da empresa diante das demandas crescentes por digitalização e automação.
Aécio detalha essa estrutura atual: “Hoje somos cerca de 103 ou 104 pessoas na engenharia de software. Dessas, aproximadamente 90 atuam com software aplicativo, e entre 13 e 14 com software embarcado. Eu gerencio toda a área e também atuo como arquiteto dos sistemas embarcados. Já o Gabriel está focado exclusivamente na parte de software aplicativo e na arquitetura dessas soluções, o que é essencial para garantir um crescimento sustentável.”
Ele explica que a crescente demanda por soluções digitais impulsionou esse crescimento. O software aplicativo, mais exposto à transformação digital, ganhou protagonismo nas operações da empresa. “Ainda desenvolvemos novas balanças e temos projetos embarcados promissores, mas é no aplicativo que está o maior volume de necessidades, reflexo direto da busca do mercado por mais automação e menos intervenção humana.”
Gabriel complementa, explicando que o boom no desenvolvimento de aplicativos também envolveu a incorporação de diversos produtos. “O Guardian, o MWS, o SPAR, todos eles foram absorvidos pelo nosso time. Vieram com suas equipes e metodologias, e hoje fazem parte da nossa estrutura integrada. Além disso, há a Cloud Prix, que também está sob nosso guarda-chuva.”
Diante da complexidade crescente, a organização do time precisou ser repensada. “Desde janeiro de 2021 ou 2022, começamos a estudar metodologias escaláveis de desenvolvimento de software. Sempre tivemos essa cultura de buscar as melhores práticas da engenharia de software, olhar para a teoria e aplicá-la na prática. Hoje, estamos estruturados por linha de produto, em sintonia com a organização da Toledo do Brasil como um todo.”
A divisão contempla diferentes frentes: um time é responsável pela linha comercial — incluindo varejo, balanças de supermercado, a Prix 7T e o sistema de mídia interna (MIT). Outro grupo cuida exclusivamente do Guardian, robusto e flexível, capaz de atender desde portos até propriedades rurais.
Outros times estão dedicados ao MWS, voltado ao chão de fábrica e muito presente em frigoríficos e indústrias de manufatura; ao SPAR, que atua na auditoria e autuação de veículos nas rodovias; e a linha de pesagem em movimento que conta com o SPF – sistema de pesagem ferroviária, e o GIP, sistema integrado com softwares de logística e dimensionamento de carga.
Há ainda soluções voltadas à manufatura interna da Toledo do Brasil, como o controle via QR Code das peças originais, conectadas à Cloud Prix. A assistência técnica também conta com softwares específicos, assim como o setor administrativo da Cloud Prix, que exige gerenciamento de clientes, assinaturas e usuários.
Gabriel ressalta que, para garantir confiabilidade em todo esse ecossistema, foi criado um time dedicado à segurança da informação e infraestrutura. Além disso, há uma equipe voltada à pesquisa com visão computacional e grupos transversais que atuam entre projetos. “Atualmente são 11 times em aplicativos. Arquitetamos tanto os sistemas quanto a estrutura para que tudo isso funcione bem.”
Ele comenta que a engenharia da Toledo do Brasil pode ser comparada a uma verdadeira fábrica de software — e, como destaca, uma fábrica enxuta:
“Alguém pode dizer: ‘Mas são 100 pessoas!’. Sim, mas veja o volume de produtos que entregamos e o alcance que eles têm. Estamos presentes em todo o Brasil e em toda a América Latina. É uma responsabilidade imensa.”
Gabriel também relembra os primeiros passos da Cloud Prix: “Começamos o desenho em 2016 já prevendo esse potencial. E ela se tornou o que é hoje. Ainda vemos muito espaço para crescer, porque a transformação digital continua avançando.”
Aécio complementa, destacando a evolução do cenário:
“O mercado evoluiu. Hoje, todas as empresas precisam disso — mais automação, menos processos manuais. E é para isso que estamos preparados.”
Conclusão
Neste texto, você conferiu como a engenharia da Toledo do Brasil tem atuado como protagonista na transformação digital da empresa. Para entender em profundidade como essa trajetória vem sendo construída, assista ao episódio completo do podcast:
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