O peso de um produto é o mesmo em qualquer lugar, correto? Na verdade, não. Isso é explicado pelo chamado fator g.
A Terra exerce uma força sobre os corpos presentes em sua superfície e é como se os atraísse para o seu centro. É a velha conhecida gravidade. No entanto, ela está relacionada com a distância entre os corpos e o centro da Terra. Quanto mais alto se encontra um corpo, mais afastado do centro da Terra e, portanto, menos atraído será.
A força exercida sobre um corpo que está na cidade litorânea de Santos (SP) é diferente da existente em Campos do Jordão, no interior de SP e que está a 1.600 metros de altitude.
Balanças eletrônicas funcionam pelo princípio gravimétrico; ou seja, o número que mostram é em razão da massa sobre ela depositada, que está sujeita à influência da aceleração da gravidade, simbolizada por “g”. Este fator varia de acordo a latitude e altitude de uma localidade. Além disso, quanto maior for a precisão do equipamento, maior é a percepção da influência no resultado. Em outras palavras, quanto mais sensível for o instrumento, mais visível será a influência do fator g na leitura de uma pesagem.
É recomendado verificar se a diferença do fator g entre o local de calibração e a região de uso irá interferir no processo de pesagem. Por exemplo: em Presidente Prudente (SP), a aceleração é de 9,7859678 m/s² e em São Paulo é de 9,7863656 m/s². Para uma massa de 1.000 g, a diferença no peso seria de -0,04 g. Se esse valor influencia no processo no qual a balança será usada é necessário fazer um ajuste no local.
O nosso site apresenta a relação do fator g nas principais regiões do país. No link a seguir você será capaz de simular o erro (para mais ou para menos, devido ao fator g) que seu equipamento apresentará ao ser instalado na sua região.
Entenda mais essa influência da gravidade
Altitude: Com base na lei de Newton, é possível ilustrar a influência da altitude nas balanças por meio da tabela a seguir. Ela mostra uma espécie de níveis de altura em que os equipamentos, de acordo com sua classe, demonstram sua influência do fator g. Esses “níveis” são chamados de “altura mínima”.
| Classe da balança | Altura mínima (m) |
| Classe I | 2,5 |
| Classe II | 25 |
| Classe III | 250 |
| Classe IIII | 2500 |
Ou seja, uma balança com classe especial (classe I), por exemplo, pode demonstrar a influência do fator g a cada 2,5 m de deslocamento de altura. Acima disso, os erros apresentados já superam os permitidos pela portaria 236, então, a balança deve ser ajustada novamente.
Latitude: a influência da latitude na intensidade da gravidade está ligada ao achatamento dos polos da Terra e da força centrífuga. A força centrífuga é produzida pelo movimento de rotação da Terra e atua em sentido contrário à gravidade e por isso, tende a diminuir o seu efeito. O formato da terra é irregular (geoide), sendo achatado nos polos e dilatado no Equador, que é o local onde a força centrífuga possui maior intensidade do que em qualquer outro ponto da Terra e, além disso, se opõe em sua totalidade à ação da gravidade.
A tabela a seguir mostra o erro máximo tolerável por incremento de grau de latitude, de acordo com a OIML.
| Classe da balança | Grau de latitude | Quilômetros |
| Classe I | 0,01° | 1 km |
| Classe II | 0,1° | 10 km |
| Classe III | 1° | 111 km |
| Classe IIII | 10° | 1000 km |
Simplificando: tomando uma balança classe I como exemplo, se ela for deslocada 1 km em sua latitude ela já poderá apresentar um erro maior que o permitido pela portaria 236 e deverá ser ajustada novamente.